É possível reverter a catarata? 

A catarata é a principal causa de perda de visão reversível no mundo. Embora o tratamento mais conhecido seja a cirurgia, avanços científicos recentes levantam uma questão crucial: é realmente possível reverter a catarata sem cirurgia?

Hoje, não existe forma cientificamente comprovada de reverter a catarata sem cirurgia.
O único método amplamente validado para restaurar a visão afetada é a remoção cirúrgica do cristalino opaco e substituição por uma lente intraocular artificial.

Logo após chegar a essa conclusão, conversamos com um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, o oftalmologista Dr. Aron Guimarães, integrante do corpo clínico da Clínica Vizon. Ele reforçou, em entrevista e também na matéria publicada pela instituição, que nenhum colírio ou tratamento alternativo atualmente consegue reverter a catarata em humanos, mas destacou que novas linhas de pesquisa podem mudar esse cenário em médio prazo.

O que é catarata e por que ocorre?

A catarata é a opacificação progressiva do cristalino, a lente natural dos olhos, que perde sua transparência devido a alterações nas proteínas e fibras que a compõem. Essa degeneração prejudica a passagem da luz até a retina, causando visão turva, sensibilidade à luz e dificuldade para enxergar à noite.

Causas mais comuns:

• Envelhecimento natural (catarata senil)
  
• Traumas oculares
  
• Doenças sistêmicas como diabetes
  
• Uso prolongado de corticoides
  
• Exposição excessiva à radiação UV
  
• Fatores genéticos
  

Nível de consciência: por que entender a catarata é fundamental

Muitas pessoas só procuram tratamento quando a visão já está seriamente comprometida. Porém, compreender como e por que a catarata se desenvolve permite:

• Identificar sinais precocemente.
  
• Reduzir fatores de risco controláveis.
  
• Acompanhar avanços que podem evitar cirurgias no futuro.
  

Como a catarata é diagnosticada

O diagnóstico é feito por um oftalmologista através de exames como:

• Exame com lâmpada de fenda (observa a opacidade do cristalino).
  
• Teste de acuidade visual (avalia a nitidez da visão).
  
• Exame de dilatação pupilar (permite uma análise mais detalhada da estrutura ocular).
  

Tratamentos disponíveis atualmente

Cirurgia de catarata

O tratamento padrão-ouro é a facectomia, realizada de forma ambulatorial. O procedimento mais comum é a facoemulsificação, na qual o cristalino opaco é fragmentado com ultrassom e substituído por uma lente intraocular (LIO).

Benefícios:

• Recuperação rápida (em média, poucos dias).
  
• Alta taxa de sucesso (acima de 95%).
  
• Possibilidade de corrigir miopia, hipermetropia ou astigmatismo no mesmo ato cirúrgico.
  

Tabela: Tipos de lentes intraoculares

Novas pesquisas: É possível reverter a catarata sem cirurgia?

Pesquisadores investigam terapias farmacológicas que visam restaurar a transparência do cristalino. Entre as mais promissoras:

1. Gotas com lanosterol

O lanosterol é um esteroide natural presente no corpo humano que ajuda a prevenir a agregação de proteínas no cristalino. Estudos em animais mostraram que gotas oculares com lanosterol reduziram a opacidade em estágios iniciais, mas a eficácia em humanos ainda está em fase experimental.

2. Antioxidantes poderosos

Vitaminas C e E, luteína e zeaxantina têm papel protetor contra o estresse oxidativo que contribui para a formação da catarata. Embora não revertam a condição, podem retardar sua progressão.

3. Terapias gênicas

A manipulação genética para corrigir mutações ligadas à opacificação do cristalino está em fase inicial, mas mostra potencial para prevenção em populações de alto risco.

Diferença entre prevenir, desacelerar e reverter

• Prevenir: Evitar que a opacidade do cristalino se forme.
  
• Desacelerar: Retardar a evolução, mantendo a visão útil por mais tempo.
  
• Reverter: Restaurar a transparência já perdida — algo que, atualmente, só é possível pela cirurgia.
  

Medidas preventivas eficazes

1. Proteção solar ocular

Óculos de sol com proteção contra 100% dos raios UVA e UVB reduzem danos oxidativos.

2. Controle de doenças sistêmicas

Manter níveis adequados de glicose e pressão arterial diminui a chance de formação precoce de catarata.

3. Dieta rica em antioxidantes

Alimentos como espinafre, couve e pimentão são ricos em nutrientes que protegem o cristalino.

4. Evitar tabagismo

O fumo acelera o estresse oxidativo ocular.

Tabela: Fatores de risco e ações preventivas

Avanços tecnológicos na cirurgia de catarata

Cirurgia assistida por laser de femtosegundo

Proporciona cortes mais precisos e previsíveis, reduzindo riscos e melhorando a recuperação.

Lentes inteligentes

Novos modelos de lentes intraoculares podem ajustar o foco por controle eletrônico ou reprogramação a laser após a implantação.

Catarata em jovens: um alerta pouco discutido

Embora associada ao envelhecimento, a catarata pode surgir antes dos 40 anos devido a:

• Doenças congênitas
  
• Traumas
  
• Uso excessivo de medicamentos
  
• Exposição ocupacional a radiação
  

Nestes casos, a abordagem deve ser personalizada, muitas vezes envolvendo cirurgia precoce.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Gotas para catarata funcionam?
Atualmente, não existem colírios com eficácia comprovada para reverter catarata em humanos, embora haja pesquisas promissoras.

2. Cirurgia de catarata é segura?
Sim. É um dos procedimentos mais seguros e realizados no mundo, com alto índice de sucesso.

3. Catarata volta após a cirurgia?
O cristalino artificial não sofre opacificação, mas a cápsula que o envolve pode ficar turva — condição conhecida como opacificação da cápsula posterior, tratada com laser.

Conclusão

Hoje, a reversão da catarata sem cirurgia não é possível de forma clinicamente comprovada. A única alternativa eficaz para restaurar a visão é a cirurgia, que é segura, rápida e com resultados previsíveis.

Entretanto, a ciência avança rapidamente, e pesquisas com lanosterol, antioxidantes potentes e terapias gênicas apontam para um futuro no qual a prevenção e até a reversão em estágios iniciais possam se tornar realidade.

Até lá, a melhor estratégia é a prevenção, o diagnóstico precoce e o acompanhamento oftalmológico regular.